Nenhum medo e todo o perigo.
Diante, adiante, dentro, lunaticamente consciente dele e o calafrio que sobe já não é o da animalidade medrosa, mas dessa outra excitação de pré-domínio sobre o que (aquele que) está prestes a dominar. “Dominar-se”, mas não ao eu central da história, é antes uma forma sintética que em jeito de Haiku chega a ser um pouco poética — deixar-se, abandonar-se a esse centro de domínio que enfim recairá sobre a sua cabeça.
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«O homem existe historicamente apenas nesta tensão: pode ser humano somente na medida em que transcende e transforma o animal antropóforo que o sustém, apenas porque através da acção que nega é capaz de dominar e eventualmente destruir a sua própria animalidade» (...) «Talvez o corpo do animal antropóforo (o corpo do servo) seja o resto não resolvido que o idealismo deixa em herança ao pensamento e as aporias da filosofia no nosso tempo coincidam com as aporias deste corpo irredutivelmente tenso e dividido entre animalidade e humanidade.»
Giorgio Agamben, Mysterium disiunctionis, 'O Aberto'
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