Barcelona, 2013 |
«Quanto mais me dou conta, nomeadamente na natureza, daqueles impulsos todo-poderosos e neles de um ardente desejo de aparência, tanto mais me sinto impulsionado a adoptar a hipótese metafísica de que o Ser verdadeiro e Uno primordial, enquanto entidade eternamente sofredora e contraditória, necessita simultaneamente, para a sua permanente redenção, da sedutora visão, da deleitosa aparência: essa mesma aparência que nós, completamente presos nela e por ela constituídos, nos vemos obrigados a sentir como sendo o verdadeiro Não-ser, isto é, um constante devir em tempo, espaço e causalidade, por outras palavras, como realidade empírica. Se portanto nos abstrairmos por um momento da nossa própria "realidade", se concebermos a nossa existência empírica e a do mundo em geral, como uma representação do Uno primordial, então o sonho tem de surgir-nos como a aparência da aparência, e assim como uma satisfação da sede primitiva de aparência.»
Nietzsche, 'O Nascimento da Tragédia'
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