"Beginnings" 

Todas as respostas fotogénicas à vida reconduzem-me ao princípio, aquele do qual não me recordo, não mais do que às memórias elas próprias aceitando a sua transmutação constante. Confesso que permito e retiro algum prazer dessa alteração e portanto não tenciono detê-la.
Seria mais sério sabê-lo e saber dizê-lo como muitos o escreveram, mas esse lirismo acabaria por soar falso e a recusa do princípio é, de uma forma muito própria, aquilo que nos põe a agir para diante. Uma espécie de felicidade da ignorância, também ela falsa, já que teima em regressar ao ponto primeiro para rectificá-lo depois de muitas permissões, mas em vão, acaba por deliciar-se na permeabilidade que ainda lhes tem. Não há, por isso, qualquer felicidade nisto que sinto e o princípio parece-me tão inconveniente quanto Cioran nos faz crer que é. É, também por isso, que volto a ele, e volto para ele todos os instantes que não vejo porque assim o quis. No fundo, fotografar é não ver, não querer ver, porque algo se detém  entre o que se vê e o olho e a cabeça e o homem. 






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